A 19 de Junho de 1947, precisamente 6 anos e 265 dias depois de John Lennon, nasce aquele que viria revolucionar a música de baile nacional e internacional. Joaquim de Magalhães Barreiros , vulgarmente conhecido por Quim Barreiros, herdou do pai o gosto por música e a alma de artista , tendo a mãe influenciado o seu gosto por pratos regionais e culinária em geral. Criança precoce Quim Barreiros teria participado num Bravo Bravissímo , não corresse o ano de 1955 e a apresentadora do programa Ana Marques estar ainda por nascer. Contentava-se assim o pequeno Quim Barreiros a tocar bateria na banda de seu pai “O Conjunto Alegria”. Em 1971 , já com 24 anos Quim Barreiros lança o seu primeiro álbum “Folclore minhoto”, com uma sonoridade muito distante do QB actual, mas mesmo assim já familiar , não fosse o acordeão o instrumento predominante no álbum. Em geral os álbuns seguintes mantêm a sonoridade típica minhota, sempre influenciada pelo folclore. QB deixa-se levar pela onda intervencionista do 25 de Abril e lança em 1975 os singles “O malhão não é Reacionário” e “Acordai Forças-Armadas”. Mas é em 1976 e 1977 com os singles “Tira fora que vem Gente”, “O Franguito da Maria” e o genial “Queres é levar com o Chouriço” que são dados as primeiras achegas do futuro que se avizinha.
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Em 86, após 5 anos do medíocre “Dance com Quim Barreiros e o seu Trio” , QB regressa com o que é ainda hoje o seu mais emblemático álbum “Bacalhau à Portuguesa”. Não só um álbum que define um artista, mas também o percursor de um novo estilo “Bacalhau á Portuguesa” transportou QB para as tão merecidas luzes da Ribalta. No entanto o artista não estava preparado para tamanha projecção, e não soube lidar muito bem com a sua fama. Os problemas com drogas e vinho tinto, e os escândalos obrigaram QB a se afastar dos palcos e do estúdio. Entramos na década de 90 e apenas apareciam reedições de “bacalhau à portuguesa” e outros clássicos do cantor são lançados nesse ano. Em 92 QB lança 4 volumes de cantigas ao desafio. Muito material e pouca qualidade, uma verdadeira desilusão para os fãs que ansiavam pelo sucessor. Parecia que o músico não era capaz de repetir o sucesso de “Bacalhau à Portuguesa”. No entanto este surpreende todos e cala os críticos que diziam não ser possível repetir a façanha de 86, ao lançar “Mestre de Culinária”. “Mestre de Culinária” aplicava mais uma vez a formula de “Bacalhau à Portuguesa” , com uma componente lírica forte associada a grandes arranjos musicais. QB não parou e o final deste ano, aproveitando a loucura dos dinossauros que se vive então (graças ao Parque Jurássico), vê o lançamento do álbum “Meu Dinossauro”. Os seguintes anos provaram que o génio de QB não se esgotara e tira a razão de todos os que disseram que este não se conseguiria adaptar aos anos 90. Sempre atento aos problemas sociais, o músico provou conseguir aliar mensagens de reivindicação e alerta a boa musica, e atingir assim diversos segmentos do público. Vejam-se “Não gastes Tudo”(1995) , “Minha Vaca Louca” (1996) e “Marcha da Expo98 (a Última do Milénio)”(1998). Nesta altura, surgem uma série de artistas que, ao vão para além de se influenciaram no trabalho de QB, tornando-se autenticas fotocópias do famoso acordeonista. Quem não se lembra de Quim Gouveia , Quinzinho de Portugal, o pequeno Saúl, e Rui Veloso.
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No entanto era preciso um grande sucesso que conseguisse equiparar-se aos agora antiguinhos ”Mestre de Culinária” e o “Sorveteiro”. QB fecha-se no seu estúdio em Madrid para preparar o seu regresso. E este não podia ser melhor com o lançamento do já clássico “A Garagem da Vizinha”(2000). Barreiros, visto ser um cliente e apreciador da marca (coleciona miniaturas desde 98) , obteve permissão da Porsche para poder usar o modelo Carrera 4s na capa do seu álbum bem como na promoção deste. A Garagem da Vizinha vem provar que a formula de Quim Barreiros está bem fresca e recomenda-se. Musica obrigatória em qualquer dos seus concertos, é um tema cuja letra anda na boca de todos , ainda que alguns não percebam a sua componente metafórica. O novo milénio segue assim para Quim Barreiros com o lançamento de duas colectâneas de Best Of. Já em 2005 QB lança “O Ténis”, álbum com 10 temas em que o cantor reformula o género, de modo a inovar, visto as sacadas deste álbum serem tão directas que quase se perde a parte metafórica já habitual em suas canções. Aguardamos pelo lançamento do novo álbum de QB “ A padaria “ (um regresso aos tempos em que QB só cantava sobre comida).
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